Capoeira é a Distorção no Movimento da Parada!

sábado, 29 de agosto de 2009

Parque Quilombo dos Palmares é patrimônio nacional

já havia postado alguma coisa sobre o parque do quilombo dos palmares, mas na época eu não tinha muitas informações. Pra complementar o post aqui vai uma reportagem que retirei do site do ministerio da cultura.

Parque Quilombo dos Palmares é patrimônio nacional
Agência Alagoas - AL, Telma Elita, 24/04/2009

Presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, apresenta o compromisso do memorial com a igualdade racial e afirma a parceria com o governo do Estado
“A Serra da Barriga é o maior patrimônio histórico e cultural do Brasil para a comunidade negra”. Essa é a avaliação do presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), Zulu Araújo, numa entrevista que revela as ações no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, em solo alagoano, e o apoio do governo do Estado ao centro.

A Fundação Palmares, com 20 anos de existência, tem a missão de proteger e divulgar o patrimônio cultural e imaterial afro-brasileiro. É uma instituição vinculada ao Ministério da Cultura (MinC) e que possui programas em diferentes partes do país. Em 2007, o órgão criou o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, símbolo da resistência à escravidão negra.

Além de representar a luta de um povo, esse quilombo foi um berço de democracia, que reuniu milhares de habitantes há mais de 300 anos. Existiam diversos núcleos de povoamento, que exerciam atividades militares e econômicas organizadas. A produção excedente era negociada nas regiões vizinhas.

O Parque Memorial apresenta toda essa história aos visitantes. Além do visual, um tapete verde que se estende entre morros, é possível conferir aspectos sociais, como religião, culinária e artesanato desenvolvidos na Serra, ao longo da existência do quilombo. O centro tem entrada gratuita e funciona todos os dias, das 8h às 18h.

Sobre o memorial, o secretário de Estado da Cultura, Osvaldo Viégas, define: “É um lugar sagrado para as religiões de matrizes africanas. Trata-se de um território referencial”.

Desde que foi criado, o espaço cultural apresentou inúmeras atrações musicais, do peso de Luiz Melodia, Sandra de Sá, AfroReggae e Rapin Hood. A banda Tribo de Jah contou com o maior público, mais de 3.500 espectadores. “Ao todo, nós já reunimos 15 mil pessoas na Serra, exclusivamente com os shows”, conta Zulu Araújo. Ainda acrescenta: “Essa foi uma das formas que nós encontramos de levar os alagoanos à Serra da Barriga”.

Parceiro na igualdade - Para as suas atividades, o memorial conta com o apoio do governo do Estado. “É um parceiro muito importante. Os shows somente são possíveis com o trabalho da Polícia Militar, que garante a segurança. Não tivemos nenhum problema quanto à violência”, afirma o presidente da FCP.

“Foi por meio da articulação do governador Teotonio Vilela com o senador Renan Calheiros que conseguimos recursos na ordem de R$ 4,2 milhões para a construção do acesso a Serra. O investimento deve ser liberado até junho deste ano. Essa vai ser a nossa redenção”, revelou Zulu Araújo. O projeto já está no Ministério de Integração Nacional.

O secretário de Cultura de Alagoas afirma que acompanhou Teotonio Vilela na entrega do plano de acesso ao ministro Edson Santos (Igualdade Racial). “O projeto foi feito pelo governo do Estado, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Conta com infraestrutura de acesso, estacionamento, drenagem e escadarias. Tivemos também o apoio do ministro da Cultura, Juca Ferreira”, revela o secretário.

Além das apresentações artísticas, o Parque Quilombo dos Palmares também ofereceu cursos de capacitação, nas áreas de artesanato e estética negra. “Atualmente, 60 alunos participam das aulas de turismo étnico e culinária afro-brasileira. Já atendemos a 275 pessoas, são todos quilombolas e moradores da região”, explica o dirigente da Fundação.

A Fundação Cultural Palmares possui representações na Bahia e no Rio de Janeiro. Recentemente, de acordo com Zulu Araújo, a instituição ganhou mais cinco unidades: Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Maranhão e Alagoas.

Mais informações: www.quilombodospalmares.org.br

domingo, 23 de agosto de 2009

Jogo de Mestres: Moraes e Jogo de Dentro

"Jogo de dentro
Jogo de fora!

Esse jogo é maneiro
esse jogo é de Angola"


Jogo de Mestres: João Grande e Curió

"Canarinho da Alemanha
Quem matou meu Curió?

Canarinho da Alemanha
Quem matou meu Curió?

O segredo da Lua
Quem sabe é o Clarão do Sol!"


quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Jogo de Mestres: João Pequeno de Pastinha e Cobra Mansa

"Sou filho da cobra verde
neto da cobra coral
quem quiser saber meu nome ah meu deus!
meu veneno é de matar
valha meu deus nossa senhora
mae de deus o criador
a senhora me ajude
nosso senhor me ajudou
camara"



Jogo de de dois cobras
João Pequeno e o Cobrinha Mansa


Jogo de Mestres: João Pequeno e João Grande

"Todos dois com nome de João
um joga pelo ar
o outro se arrasta pelo chao
um chama cobra mansa
o outro parece gavião"

Os que estão jogando são Mestre João Pequeno de Pastinha e Mestre João Grande.

Jogo de Mestres: João Grande e Moraes

Encontrei esse jogo no youtube.
Parece que o video é de 1990.
19 anos atrás.
Jogão!!!

Fundação Palmares celebra seus 21 anos com festa e cultura popular

A sede da Fundação Cultural Palmares vai ser palco de uma extensa programação que promete muito agito e muita cultura popular. Na semana de 17 a 22 de agosto, para celebrar mais um ano de existência da instituição, fundada em 1988, tambores vão ecoar, convidando o público para uma grande festa com direito a muito samba no pé. São mais de dez grupos de dança e música regionais.
Amantes do Maracatu, Jongo, Samba de Roda, Tambor de Crioula, Congo terão a oportunidade de desfrutar um pouco da beleza e encanto da cultura afro-brasileira, acompanhando os cortejos, que mantêm viva a tradição da cultura popular. Poderão também acompanhar mestres de capoeira e os grupos folclóricos que virão da Colômbia especialmente para esta grande festa da diversidade: Grupo Benkos Kusuto da comunidade do Palenque de San Basílio e Grupo Bahía Trio, e o coletivo de artistas “Entre dos mares: ensamble musical de Colombia, Ecuador y Panamá”.
Durante os cinco dias do evento, tocadores, cantadores, dançarinos, reis e rainhas do congo e do maracatu, baianas do samba de roda vão comandar a festa e tomar de alegria o platô da sede da Fundação Palmares. Quem vier conhecerá a riqueza das manifestações culturais de matriz africana que ainda resistem aos tempos modernos.
As oficinas também entram na programação. Teremos Roberto Mendes nas oficinas de Chula, Mario Pam, nas oficinas de Percussão, e ainda uma oficina de ritmos afro del Caribe y el Pacifico.
Tem ainda a exposição fotográfica Negrice Cristal, de Januário Garcia; Cortejo da Lavagem – Terreiro Ilê Ase Ode Onisegum; e degustação de comida afro-brasileira.
Destaque ainda para a apresentação de Luiz Melodia e Lazzo Matumbi, que se apresentam no dia 22, no palco do Teatro Nacional (Censura Livre). Ao final do show, o público poderá assistir a um desfile de moda afro.
Também como parte das comemorações, haverá a entrega do Troféu Palmares. Uma homenagem da Fundação para personalidades que têm representatividade e destaque na luta contra o preconceito e a favor da igualdade racial. Serão homenageados:

# Mãe Beata de Iemanjá (Beatriz Moreira Costa): religiosa de matriz africana do candomblé, iniciada há mais de 50 anos, conhecida sacerdotisa e ativista social da cidade do Rio de Janeiro, dedica-se há décadas à valorização da cultura e da religião afro-brasileira, como também, pelos direitos das mulheres.

# Esther Grossi: professora, escritora e ex-deputada federal, autora da lei 10.639/2003 – que institui a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura da África e dos afro-brasileiros.


Conheça um pouco mais das atrações:

Contos do Congo: o Congado é uma manifestação cultural e religiosa de influência africana que em algumas regiões do Brasil desenvolve seu enredo sob o tema da vida de São Benedito, o encontro de Nossa Senhora do Rosário submergida nas águas e, em outras regiões, a representação da luta de Carlos Magno contra as invasões mouras. O grupo Contos do Congo surgiu em 2006 e vem mantendo as tradições e divulgando a arte e as origens do Congado mineiro, remetendo o público à mais pura expressão conga, fazendo com que se vivencie a verdadeira Folia de Reis. O grupo nasceu da necessidade das pessoas preocupadas em resgatar e preservar o congo nas suas mais diversas formas de manifestação cultural.

# O Jongo da Serrinha: é uma manifestação cultural essencialmente rural diretamente associada à cultura africana no Brasil e que influiu poderosamente na formação do Samba carioca.

# Maracatu do baque solto: o grupo destaca-se por preservar a essência do maracatu e manter uma trajetória marcada pela originalidade na criação de novos temas e adereços. Surgiu da organização de trabalhadores rurais, com o intuíto de preservar a cultura dos seus antepassados.

# Tambor de Crioula: é uma dança com raízes africanas, praticada no Maranhão, tanto no meio rural como no urbano, tendo como característica marcante a punga (espécie de samba de roda), evidenciada no toque dos tambores e na coreografia das mulheres. O grupo Tambor de Crioula é uma das maiores referências culturais nesse estilo musical.

# Samba de Roda Suerdieck: é um dos mais antigos e autênticos grupos de samba de roda do Recôncavo Baiano. Liderado por dona Dalva Damiana, o grupo foi fundado em 1958 na antiga fábrica de charutos Suerdieck, pelas funcionárias, que, no intervalo do trabalho, cantavam estrofes rimadas no ritmo do samba, ritmados com pedaços de madeira e as sobras das caixas de charuto.

# Benkos Kusuto da comunidade do Palenque de San Basílio (costa do Pacífico colombiano): grupo formado por quatro dos músicos mais destacados e reconhecidos percussionistas da comunidade palenqueira.

# Bahía Trio: grupo de marimba tradicional, busca explorar todas as possibilidades melódicas através de conjuntos musicais folclóricos regidos pela improvisação e experimentação de ritmos de tradição africana com influência da sonoridade latina.

# “Entre dos mares: ensamble musical de Colombia, Ecuador y Panamá”: grupo formado por um combinado de artistas da Colômbia, Equador e Panamá, com uma proposta de integração da música afro-latina desses três países.

PROGRAMAÇÃO DO ANIVERSÁRIO DA PALMARES
De 17 a 22 de agosto

17/08

9 às 17h - Oficina de Percussão - Mário Pam - Galpão FUNARTE

9 às 10h - Abertura Solene do Aniversário da Fundação Cultural Palmares - Auditório FCP

10 às 12h - Abertura da Exposição: Negrice Cristal, do fotógrafo Januário Garcia e Café da manhã - Espaço Cultural Palmares

10 às 12h - Oficina Chula – Roberto Mendes - Auditório FCP

18 às 20h -Mostra Cultural – Jongo da Serrinha–Rio de Janeiro, Grupo Benkos Kusuto de la comunidad del Palenque de San Basílio (Colômbia) - Platô da FCP

18/08

9h às 11h - Oficina de Percussão Mário Pam - Galpão FUNARTE

9h às 11h - Oficina Chula – Roberto Mendes - Auditório FCP

18 às 20h -Mostra Cultural – Maracatu do baque solto–Pernambuco e “Entre dos mares: ensamble musical de Colombia, Ecuador y Panamá” - Platô da FCP

19/08

9 às 18h - Oficina de Percussão – Mário Pam - Galpão FUNARTE

18 às 20h -Mostra Cultural – Tambor de Crioula, Grupo Gualajo (Colômbia) e cantora convidada - Platô da FCP

20/08

9 às 18h - Encontro de Mestres de Capoeira - Auditório FCP

9 às 17h - Oficina de Percussão Mário Pam - Galpão FUNARTE

18 às 19h - Mostra Cultural – Roda de Capoeira – Mestre Cláudio - Platô da FCP

21/08

10h - Cortejo da Lavagem – Terreiro Ilê Ase Ode Onisegum – Pai Ribamar - Platô da DEP

11h - Resultado da Oficina de Percussão - Platô da FCP

12h - Degustação de Comida Afro-Brasileira - Platô da FCP

13h - Mostra Cultural – Samba de Roda Suerdick–Bahia, Congada Contos do Congo–Minas Gerais - Platô da FCP

22/08

9 às 12h - Oficina de Ritmos Afro del Caribe y el Pacífico - Galpão da Funarte

21h:

• Desfile de Moda – Estilista Rodinei , de Minas Gerais

• Abertura: “Entre dos mares: ensamble musical de Colombia, Ecuador y Panamá”

• Entrega do Troféu Palmares

• Show Luis Melodia e Lazzo Matumbi - Teatro Nacional

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Pelé da Bomba

"eu tava la em casa
eu tava la em casa oh meu bem
sem pensar sem maginar

eu tava la em casa
eu tava la em casa oh meu bem
sem pensar sem maginar

bateu na minha porta
que mandaram me chamar
bateu na minha porta oh meu bem
mandaram me chamar

eu mandei ver quem era
eu mandei ver quem era ah meu deus
era pedro malasar

era um menino novo
era um menino novo oh meu bem
ta querendo me matar

eu sai pela cozinha
eu sai pela cozinha
eu sai pela cozinha oh meu deu
para ver pedro malasar

ele olhou pra mim
começou querer brigar
eu dei um pulo de costa
e cai no mesmo lugar"


para baixar esta ladainha clique aqui

Mestre Pelé da Bomba: O gogó de ouro

Nome: Natalício Neves da Silva

País: Brasil

Cidade: Recôncavo Baiano, Salvador

Nacimento: 1934

Discípulo de Mestre Bugalho

Mais usada na Bahia, a expressão “gogó de ouro” é sinônimo de boa voz e de afinação. Num universo de opiniões tão divergentes como o da capoeira, Mestre Pelé está entre os poucos que recebem, com unanimidade, este título. Direto de Salvador, ele nos conta o que viu e viveu nas rodas, uma história que começa há mais de meio século
“Iêêêêêêêê!” O chamado de Natalício Neves da Silva, o mestre Pelé, aliado aos primeiros acordes do berimbau, é experiência que, quem viveu, não esquece. Sua voz expressiva é capaz de nos conduzir aos 500 anos de história e de nos conscientizar do poder libertador que a roda de capoeira representa.
Mestre PeIé nasceu em 1934. É do tempo em que se jogava capoeira nos finais de feira e nos dias de festa. Também fez parte de uma geração dividida entre a marginalidade da capoeira de rua à institucionalizada capoeira nas academias.


Primeira roda — Na infância, Pelé ajudou o pai na luta pela sobrevivência. Fazia carvão, colhia mandioca e tratava a terra. Depois, vendia suas mercadorias na capital baiana. Foi assim que chegou à rampa do Mercado Modelo, próxima à igreja Nossa Senhora da Conceição da Praia, onde encontrou a nata da capoeira. “Conheci a capoeira aos 12 anos de idade, quando ia às feiras e às festas populares do recôncavo baiano. Eu ia com meu pai a Muritiba, São Félix e Cachoeira vender carvão. No final do dia, chegavam os ‘senhores’ de toda a região e
começavam a brincar para se divertir. Era o povo que dava para o capoeirista o título de mestre, que disputava o título ali no jogo, jogo duro”, lembra. Foi numa dessas rodas que Pelé diz ter conhecido o lendário Besouro Mangangá. E confirma a lenda: “Ele sumia quando queria”.

Lendários — Para o mestre, era entre a Igreja da Conceição e a rampa do Mercado que rolavam as melhores rodas de capoeira da época. Em sua memória estão personagens como Valdemar da Liberdade, Caiçara, Zacarias, Traira, Angolinha, Avani, Bel e DeI (irmãos), Onça Preta, Sete Mola, Cabelo Bom e Bom Cabelo (gêmeos) e Bugalho, que o teria encantado com sua agilidade. “Tinha muita gente importante, naquela época, além de Bimba e Pastinha. Os alunos deles não jogavam muito na rua. Eles evitavam por causa das brigas, não queriam ficar difamados. O pau quebrava e a policia na cavalaria vivia ‘escarreirando’ os capoeiras, acabando com as rodas. Os capoeiristas, por sua vez, quebravam a polícia no cacete. Bimba e Pastinha queriam evoluir, acabar com essa imagem do capoeira”.

Capoeira de Rua – O aprendizado da maioria dos capoeiristas dessa época era mesmo nas grandes rodas na rampa do Mercado Modelo e nas chamadas festas de largo, que começavam na festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia – coração da cidade baixa, próxima ao elevador Lacerda — no dia 1º de dezembro e se prolongavam até o dia 8 do mesmo mês. Depois, vinha a festa de Santa Luzia, freqüentada pelos estivadores (trabalhadores do cais do porto), muitos deles, capoeiristas. “Era o dia todo: banho de mar, samba de roda, samba de viola que era uma tradição. Todos os ritmos vindos do recôncavo baiano. Nestas festas, reuniam-se os melhores mestres de capoeira e os melhores tocadores de berimbau. Foi num desses momentos que comecei a cantar e a tocar”, relembra.
Foi Bugalho, carregador de embarcações que, nas horas de descanso e nas noites de lua-cheia, ensinou o menino Natalício a gingar nas areia da praia da Preguiça. “Segui a tradição do meu mestre, Bugalho, um grande tocador de berimbau. Ele era um dos melhores, tocava muito bem o São Bento Grande, principalmente quando era noite de lua. Sentávamos na areia da praia e, quando ele tocava, era possível ouvi-lo na cidade alta”.
Além das rodas da Liberdade nas tardes de domingo, em que o guarda civil Zacarias Boa Morte “tomava conta”, Pelé mostrava sua arte nas rodas de Valdemar da Liberdade, num galpão de palha de dendê, cercado de bambu. “Eu era ligeiro, tinha um sapateado que ajudava muito. Eles não me pegavam. E, quando eu chegava nas rodas da invasão do Corta Braço, no bairro de Pero Vaz, mestre Valdemar dizia: Lá vem Satanás!”

Experiência — Durante 25 anos Pelé deu aulas de capoeira e, também, no V Batalhão da Policia Militar. “Naquele tempo, era comum a polícia treinar capoeira”. Além dessas atividades, Mestre Pelé participou, ao mesmo tempo, de importantes grupos folclóricos da Bahia como o Viva Bahia. Fez apresentações com o grupo de mestre Canjiquinha, no Belvedere da Praça da Sé, shows para turistas, onde mostrava a capoeira, o maculelê, a puxada de rede e o samba de roda. Sorrindo muito, Pelé explica que “na capoeira, tudo sai da ginga. A ginga, o molejo e a flexibilidade são importantes para o capoeirista, tanto para defesa quanto para o ataque”.

Retorno — Mestre Pelé ficou longe da capoeira por vinte anos. Foi trazido de volta às rodas pelo projeto de resgate e valorização de mestres antigos, criado pela Associação Brasileira de Capoeira Angola (ABCA). Hoje, ele integra o Conselho de Mestres da associação e participa de eventos importantes. Recentemente, emocionou, com sua voz, quem esteve presente no enterro dos mestres Caiçara, Bom Cabrito e Zacarias Boa Morte, e na missa de sétimo dia de Caiçara.
Na ABCA, Pelé espera conseguir viabilizar o projeto de aposentadoria para mestres com mais de 65 anos de vida e 35 anos de capoeira. “O ministro da Previdência, Waldec Ornelas, já votou a aposentadoria das mães e pais de santo que, como os capoeiristas, também tiveram suas atividades proibidas e perseguidas. Além disso, também vamos conseguir provar que Capoeira Angola é cultura popular, e não arte marcial”, finaliza o cantador.

capoeiramalungo.hpg.ig.com.br

retirado do blog
http://esquiva.wordpress.com

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Mestre Cobra Mansa e a permangola

"A Capoeira Angola é o movimento dos africanos no Brasil. Uma mistura de danças e lutas tradicionais vinda dos povos bantos e está ligada aos rituais afro-brasileiros. A música é orgânica e ritualizada, acompanhada por bateria completa de oito instrumentos."



A Capoeira Angola teve início com a vinda dos africanos para o Brasil. Vicente Ferreira Pastinha (Mestre Pastinha) se destacou nesse estilo. Ele inaugurou no ano de 1941 o Centro Esportivo de Capoeira Angola.

O Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros reuniu Mestres para mais um Encontro de Capoeira Angola na vila de São Jorge.

Nomes como Mestre Cobra Mansa, Pelé da Bomba, Sabú e Vermelho participaram do evento mostrando suas habilidades e contando as experiências do mundo da Capoeira. Dentre as experiências dos mestres capoeiristas está a de Cinésio Feliciano Peçanha, o Mestre Cobra Mansa, também conhecido por Mestre Cobrinha.

Natural do Rio de Janeiro, aos treze anos foi para Salvador, onde se interessou pela Capoeira e, aos quinze, tornou-se aluno de Mestre Morais e depois Mestre Josias, seguidores de Mestre Pastinha. Esse foi o ponto de partida para grandes mudanças em sua vida, desde o modo de viver ao atual respeito à natureza.

Segundo ele, a Capoeira é um instrumento muito forte para conscientização sobre as situações atuais do mundo moderno. O trabalho com crianças pode levar a formação de um mundo melhor.

Engajado nesse sentido, Mestre Cobra Mansa desenvolve um trabalho que une a Capoeira com a Ecologia, ou seja, a permacultura, denominado por ele de Permangola e desenvolvido no Kilombo Tenondé - Centro Agropecologico, Cultural e Educativo em Valença, no Estado da Bahia.

A permacultura foi criada na Austrália na década de 70 e é atualmente difundida pelo mundo todo. Ela é a reunião do conhecimento tradicional com novas técnicas no intuito de criar soluções permanentes baseados na inteligência natural.

Segundo Mestre Cobrinha, o espaço tem fundamentos enraizados na vida do Quilombo e sua harmonia comunitária, cultural e ambiental. Agindo na realização da regeneração da criatividade, do pensamento construtivo, dos ideais das aldeias, mocambos e tribos dos antepassados.

O Kilombo Tenondé está situado numa área de sessenta hectares cortadas por um rio, tem o objetivo de criar o equilíbrio harmônico entre o urbano e o rural, entre a cidade e a roça, entre o concreto e a selva, entre o homem/mulher com o homem/mulher e o seu meio ambiente. É um intervenção Agroecológica com a Capoeira Angola.

Esse espaço recebe visitantes de várias partes do mundo que se isolam por dez dias e praticam exercícios de capoeira, yoga e outros. Há ainda práticas e palestras sobre sistemas alternativos de construção, agricultura e energia com o desenvolvimento de oficinas de reciclagem e aproveitamento; construção de casas de taipas com adobe, captação de água e ainda a casa de farinha que produz alimentos naturais.

Mestre Cobra Mansa valoriza a Capoeira como uma atividade de iniciação ao conhecimento como um todo. Unindo a Capoeira e permacultura ele acredita estar dando os primeiros passos para a sustentabilidade, não só na região e sim em todo o restante do mundo.