Capoeira é a Distorção no Movimento da Parada!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Mestre Curió: Guardião da Tradição

"Morro e dou a minha alma pela capoeira"

Jânio Martins dos Santos, o Mestre Curió nasceu em 1937, em Candeias, interior da Bahia e desde os seis anos de idade pratica a Capoeira de Angola. Em Salvador deu aulas na Escola de Capoeira Angola Irmãos Gêmeos do Mestre Curió, no Pelourinho, e no Instituto Araketu. Já foi também dirigente da Associação Brasileira de Capoeira Angola.


Na Capoeira de Angola, além da técnica dos golpes e movimentos, é de fundamental importância a transmissão de valores essenciais, como a humildade e o respeito. E é nesse sentido que Mestre Curió vem desenvolvendo um trabalho com crianças da comunidade de Colina do Mar, localizada no Subúrbio Ferroviário. Veja a entrevista do Mestre, publicada na revista Viva Salvador da Fundação Gregório de Mattos, em 2005:

"A capoeira foi criada como dança, como movimento de defesa. Nunca encarei a capoeira como atividade marginal, mas como uma forma de arte. O capoeirista é o artista do nosso povo, do povo negro. E o artista negro ainda sofre uma opressão silenciosa em Salvador. Enfrentei muitas dificuldades desde criança, mas nem por isso me marginalizei. Hoje ajudo a tirar crianças da marginalidade. Quando você pega uma criança, e mostra a ela o valor da cultura negra, ensina uma ocupação, uma arte, o resultado é uma satisfação. Não existe maior recompensa do que quando você tem uma criança infratora, por exemplo, e ajuda a tirá-la do mundo das drogas."

Em 2008 Mestre Curió, com o seu Ponto de Cultura de Capoeira Angola Irmãos Gêmeos de Mestre Curió, ingressou no projeto do Ministério da Cultura Ação Griô Nacional. Esta ação ministerial tem como objetivo a valorização e inserção da tradição oral e da oralidade no ensino das escolas públicas brasileiras. A meta do Ação Griô Nacional, com o apoio dos Mestres e Mestras da tradição oral de todo o Brasil é a criação de uma nova pedagogia: A Pedagogia Griô.


"Capoeira é arte, dança, malícia, filosofia, malandragem, teatro, música coreografia e não violência. Só passa a ser perigosa na hora da dor…"

"Existem muitas partes da mandinga, existem a mandinga da magia negra e a mandinga da malícia do capoeirista, quando ele se diz realmente capoeirista . Mandinga é isso, é sagacidade, é você poder bater no adversário e não bater , você mostra que não bateu porque não quis."

"O aluno é reflexo do mestre e o mestre e reflexo do aluno"

"O aluno não compete com o mestre e o mestre que se respeita não compete com o aluno"

"Para mostrar que é bom o capoeirista não precisa bater"

"Morro e dou a minha alma pela capoeira"

"Meu pai sempre me ensinou que a gente não deve ensinar tudo o que sabe, porque senão, os alunos vão embora"

"Capoeirista é calmo. Divagar para o angoleiro ainda é pressa. Eu só tive pressa para nascer pois sou de sete meses."

"Tem pessoas que são grandonas, fortes, fazem três anos de capoeira e já se autodenominam mestres. Para alguns deles o avião é o que os forma como mestres, quando chegam a outro país dizem eu sou mestre e como ninguém lhes conhece, acreditam neles. Essas pessoas lesam a consciência da gente."

"Eu tenho 56 anos de capoeira e ainda não sei nada; meu pai tem 102 anos e ainda diz que não sabe. Tem "doutores" que tem 5 anos de capoeira e falam que já conhecem "as duas".


Trailer do documentário Mestre Curió: Guardião da tradição



fontes:


http://15misterios.blogspot.com/2008/07/mestre-curi.html


http://www.sementedojogodeangola.org.br/mestrecurio.htm

Filhos de Bimba: Tradição da Capoeira regional

Escola de Capoeira nasceu no dia 10 de junho de 1984, tendo como seu fundador Manuel Nascimento Machado (Mestre Nenel), filho do ilustríssimo Mestre Bimba.

A Escola foi criada com a finalidade de resgatar e manter vivo todo o legado cultural da Capoeira Regional e do seu criador, o grande Bimba. Após dez anos do falecimento do Bimba, surgiu, mais uma vez, a necessidade de se fazer algo forte pela Capoeira, pois ela estava novamente sendo minimizada, ou melhor, descaracterizada das suas origens, partindo para uma maneira inadequada da sua transmissão, "Não a forma correta, que é de mão em mão e, principalmente, um trabalho de integração familiar, o qual nunca deixou de dar garantia a seus adeptos".Na opinião de Metre Nenel "A Capoeira Regional foi criada numa época em que a capoeira estava reduzida a poucos movimentos e já estava virando folclore, estava caindo no esquecimento. Bimba recuperou movimentos antigos e incorporou movimentos do batuque, trouxe de volta os rituais, a disciplina, o respeito e os limites que devem ser respeitados entre os capoeiristas".

Manoel Nascimento Machado, o Mestre Nenel, nasceu no dia 26 de setembro de 1960, na cidade de Salvador/BA. Filho do eterno Bimba e de Mãe Bena, foi criado pela Mãe Alice, o que lhe enche de orgulho pelo privilégio de ter duas mães.

Mestre Nenel herdou tudo de seu pai. Desde a semelhança física, a visão à frente de seu tempo, até a habilidade para liderança e amor pela Capoeira Regional.

Após a morte do pai, morou por um período em Brasília e depois retornou para a sua terra natal. Teve participação marcante em um grupo de show cultural local, trabalhou em obra, participou de alguns campeonatos dos quais se destacou. No ano de 1986, retomou o trabalho do pai, com o propósito de resgatar o que mais uma vez estava sendo descaracterizado: a Capoeira, mas, desta vez, da Regional.

A Capoeira Regional foi criada entre o final da década de 20 e início da década de 30 do século XX. Ela foi concebida como uma "obra aberta", culturalmente elástica, com capacidade para integrar-se com outras culturas, influenciar e recepcionar influências, experimentar novos inventos, preservando contudo, sua originalidade.

A Capoeira Regional não se caracterizou, exclusivamente,como uma nova forma de jogar capoeira, mas modificou os modos de relacionamento da capoeira com a sociedade que a reprimia, ganhou proteção jurídica, estendeu as possibilidades para a sua prática, penetrando em academias, escolas, clubes sociais, quartéis, palácios do governo, estabeleceu a capoeira como ofício e ganhou rigor pedagógico.

Tradição:

As tradições podem ser entendidas, no seu sentido mais literal, como o ato de transmitir ou entregar conhecimentos, práticas, costumes e usos, resultantes de transmissão oral ou de hábitos inveterados.

Elas permitem que a memória não se apague e se perpetue através daqueles que a receberam.

Por isso, as tradições da Capoeira Regional são tão importantes, permitindo que a memória do seu criador, Mestre Bimba, e todo o seu legado, continuem latentes nas veias de seus praticantes, através das mãos do Mestre Nenel, filho e herdeiro do Bimba.

São estas as Tradições da Capoeira Regional:

  • PEGAR NA MÃO PARA GINGAR
  • A CADEIRA
  • A CHARANGA (UM BERIMBAU E DOIS PANDEIROS)
  • AS QUADRAS
  • JOGOS: SÃO BENTO GRANDE, BANGUELA E IUNA
  • O BATIZADO (ENTRAR NO AÇO)
  • A FESTA DE BATIZADO
  • A FORMATURA
  • O ESQUENTA BANHO
  • A BARBADA
Depoimento de mestre Nenel sobre a capoeira criada por seu Pai:


fontes:

http://filhosdebimba-sp.blogspot.com/search/label/Capoeira%20Regional

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Lendas da Capoeira: Caminho para liberdade

Em março deste ano foi lançado por uma empresa brasileira de jogos eletrônicos Donsoft, depois de seis anos de pesquisas aprofundadas, um jogo para computadores sobre a capoeira: "Capoeira Legends: Path to freedom" (lendas da Capoeira: Caminho para a Liberdade). O projeto do jogo teve início em 2003.
Capoeira Legends: Path to Freedom passa-se nos arredores da cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1828, serra de Petrópolis no meio da Mata Atlântica.
O protagonista da história é o Negro Gunga Za. Capoeirista escolhido por Mestre Vuê para proteger o Mocambo da estrela.
A trilha sonora do filme é toda gravada em sessões de capoeira e são reproduzidos sons da mata com canto de aves, gritos de animais silvestres e quedas d'água.Segundo o autor do jogo, o nome dos golpes, as frases de Mestre Vuê, as músicas e todos os contextos mais culturais forma mantidos em português, até mesmo no jogo em inglês(foram criadas duas versões, uma em português e outra em inglês). Mantendo a tradição a energia de vida de Gunga Za é chamada de Axé e a Magia do personagem é a Mandinga.
A pesquisa feita para a criação do game foi feita em vários arquivos históricos e contou com a supervisão de Mestre Vuê, fundador do grupo de capoeira água de beber. Os livros mais utilizados na pesquisa realizada foram os livros do autor Carlos Eugênio Líbano Soares, em especial, os livros "A Capoeira escrava" e "A negada instituição - os capoeiras no Rio de Janeiro". O livro "O herói de mil faces" de Joseph Campbell, também colaborou muitíssimo na construção da forma final do game.
Os capítulos 2 e 3 serão lançados respectivamente em junho e novembro de 2009. Em 2010, explica o presidente da DONSOFT, "temos grande interesse em publicar o Capoeira Legends completo para algum console, ou quem sabe outro jogo da série. Inclusive vamos procurar a Tec-Toy para conversar sobre o Zeebo, no momento pertinente".

para acessar o site do jogo clique aqui

trailer do jogo


fontes:

http://www.palmares.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=1964

http://capoeiralegends.com.br/

domingo, 26 de abril de 2009

Besouro o Filme

Está em fase de produção uma das maiores criações do cinema nacional no ano de 2009. BESOURO O FILME.
O filme contará a história do lendário capoeirista Besouro Mangangá também conhecido como Besouro Cordão de Ouro apelido dado devido o fato de utilizar um grande cordão de ouro no peito.
O filme baseou-se no livro de Marco Carvalho, 56 anos, "Feijoada no Paraíso".
Em uma entrevista sobre o personagem histórico o autor compara-o a algumas personalidades históricas e coloca em destaque algumas diferenças entre elas e o capoeirista colocando-o em uma posição privilegiada graças ao seu modo de atuação contra o sistema opressor e racista de sua época. O autor diz "Lampião, Zumbi e [Antônio] Conselheiro, para ficar só nesses três exemplos, foram homens que comandavam grandes grupos de revoltosos, homens e mulheres fora-da-lei, e que só se tornaram realmente famosos depois que as forças públicas se lançaram com violência contra eles. Ou seja: antes de virarem os mitos que são hoje, entraram para a história pelo noticiário policial, literalmente pela porta dos fundos. Já Besouro era um homem que agia sozinho e que não teve sobre si quase nenhum registro oficial. Mesmo assim já era um mito local mesmo antes de morrer, aos 26 anos, e hoje é um personagem conhecido e cultuado no universo da capoeira e dos negros da bahia graças exclusivamente à Tradição Oral. São as músicas sobre ele que o perpetuam, através das rodas de capoeira. E isso é um caso raro e poderoso de popularidade de uma personalidade histórica. Algo digno de admiração e estudo."
A trilha sonora do filme ficou por conta de Naná Vasconcelos, Nação Zumbi e o produtor musical Rica Amabis. A canção tema do filme está sendo criada por Gilberto Gil.
A produção do filme, na sua divulgação muito inspirada na eleição do presidente estadunidense Barack Obama, utiliza uma grande quantidade de mídias para a realização da publicidade do filme. Já esta no ar o blog www.besouroofilme.com.br/blog, que acompanha o passo a passo da produção do filme e disponibiliza o making off do filme, vídeos e jornais com matérias relacionadas ao filme além do que já existe uma comunidade no orkut que debate o filme. Está nos planos da produtora Mixer a criação de um livro com fotografias do filme, a produção de um desenho animado, games e séries de TV. O objetivo da produtora é criar uma convergência de mídias chamada de "360 graus". Para ler na íntegra a materia do jornal que explica esta estratégia clique aqui.
O jornal carioca O Dia marcou o lançamento do filme no Rio de Janeiro dando destaque para o fato de o herói do épico ser negro e filho de Ogum . Para ler a reportagem clique aqui e para baixar o documento em .pdf clique aqui.
Uma prévia do filme foi encontrada no blog capoeira de vênus

fontes:

http://capoeiradevenus.blogspot.com/search/label/Cinema

http://www.besouroofilme.com.br/blog/

sábado, 25 de abril de 2009

Canjiquinha: Alegria da capoeira!

"A Capoeira é alegria, é encanto, é segredo"

Entre os maiores capoeiristas da Bahia, colaborador e preservador da Grande Arte, o Mestre Canjiquinha, "a alegria da capoeira", deixou seu nome na história. Washington Bruno da Silva, nascido em 25 de setembro de 1925 no Maciel de Baixo, no 6, Pelourinho, Salvador, Bahia, vindo a falecer em 8 de novembro de 1994. Foi jogador de futebol pelo Ypirantiga, time de coração de Mestre Pastinha.
Iniciou a capoeira aos 10 anos de idade com Mestre Raimundo Aberrê. Canjiquinha, apaixonado pelo samba, batuque, folclore e carnaval ganhou o seu apelido por gostar de um sucesso da cantora Carmem Miranda, o samba "Canjiquinha Quente".
Aprendeu a dançar o maculêlê em Santo Amaro com Mestre Popó. Divulgou a dança ensinando-a. Foi contra-mestre da academia de Mestre Pastinha.
Canhoto exímio e tocador de berimbau fora de série, criou os toques Muzenza, Samango e Samba de Angola.
Cantava também como poucos. Tinha um repertório vastíssimo e uma grande facilidade de improviso.
Foi um dos pioneiros em shows folclóricos, muito requisitado por órgãos culturaispor ser grande conhecedor do folclore, compositor e cantador de capoeira.
Fundou a academia "Amigos do Mestre Canjiquinha" , o grupo folclórico Aberrê e a academia "Alegria do Mestre Canjiquinha".
Foi um visionário da capoeira, dizia sempre aos seus alunos" A capoeira não tem credo, não tem cor, não tem bandeira, ela é do povo, vai correr o mundo". Tinha uma característica toda própria de tocar o berimbau, instrumento que segurava com a mão direita e tocava com a vaqueta na mão esquerda, mantendo o berimbau a altura do peito.








Nas suas palavras "Só existe um tipo de capoeira! Com todo o respeito a Mestre Bimba que já morreu e os alunos deles."

Atuou em filmes como : Capitães da Areia, Barravento, Senhor dos Navegantes, Terra em transe e o pagador de promessas.
O maior orgulho de sua vida era ser Mestre e em suas mãos passaram muitos que se tornaram grandes mestres: Manoel Pé de Bode, Antonio Diabo, Foca, Roberto Grande, Roberto Veneno, Roberto Macaco, Burro Inchado, Cristo Seco, Garrafão, Sibe, Alberto, Paulo Dedinho (conhecido hoje como Paulo dos Anjos), Madame Geni (conhecido hoje como Geni Capoeira), Olhando Pra Lua (conhecido hoje como Lua Rasta), Brasília, Sapo, Peixinho Mine-saia, Papagaio, Satubinha, Vitos Careca, Cabeleira, Língua de Teiú, Urso, Bola de Sal, Boemia Tropical, Salta Moita, Melhoral, Lucidío, Bico de Bule, Bando, Dodô, Salomé, Mercedes, Palio, Cigana, Urubu de Botina, entre outros. Canjiquinha na sua academia jamais formou alunos, seguia a seguinte graduação: Aluno, Profissional, Contra Mestre, Mestre.
Canjiquinha foi o criador da festa de Arromba, jogava nas festas do Largo da Bahia. Nessas comemorações vários capoeiristas se reuniam e jogavam em troca de dinheiro e bebidas.

Para ler o texto "canjiquinha alegria da capoeira" clique aqui
para baixar este documento clique aqui

para baixar o cd do Mestre canjiquinha com Mestre Waldemar clique aqui

Fontes :

http://www.atelierlua.com.br/

http://mestrandosevero.esporteblog.com.br

http://voltanomundocapoeira.blogspot.com

http://www.portalcapoeira.com/wiki/index.php?title=Canjiquinha

O dia mais triste da minha vida

Outro dia estava lendo a história do GRANDE/PEQUENO MESTRE PASTINHA quando dei com a frase: O SEGREDO DA CAPOEIRA MORRE COMIGO! Não pude acreditar, tamanho egoísmo não é predicado de quem tem o título de GRANDE MESTRE! Inconformado passei a procurar qual seria o TAL SEGREDO. E assim se passaram dias meses, anos até que tchan, tchan, tchan tchan: EU DESCOBRI O SEGREDO DA CAPOEIRA!

Inacreditável estivera bem na minha frente, do meu lado, na minha costa e eu NÃO PERCEBIA, imenso, cristalino, estivera todos esses anos talvez coberto por um pequeno lenço de um mágico que por uma graça divina fora agora removido. Que alegria, que felicidade, eu agora compreendia tudo, entendia a frase do velho MESTRE e seu espanto diante da cegueira de seus alunos em ver o que lhes mostrava todos os dias!

O SEGREDO DA CAPOEIRA!

Corri para a casa de meu amigo para anunciar a boa nova: ARAÚNA, voçê não vai acreditar mas eu descobri o segredo da Capoeira!

OQUE? k-kk-kk-k-k!

Estou te dizendo véio é serio!

Pô Leiteiro eu tenho mãe tu queres me matar de rir k-kk-kk-k-k- !

Não acreditas mais em mim mermão?

Me digas então qual é o segredo?

Era o que eu estava esperando, a hora de dividir o meu minuto de glória.

Ah o segredo, o segredo é....o segredo?...( meu Deus me ajude) bem como eu estava dizendo, o segredo..

Sim, sim o segredo k-kk-kk-k-k- !

Não havia duvidas eu esqueci o segredo da Capoeira. Sai cabisbaixo, as orelhas vermelhas de vergonha, coração fervendo de ódio impotente contra aquela risada que ecoava na minha mente. A cada passo dado, a cada esquina dobrada, os k-ks ecoavam e desciam espinha abaixo enfraquecendo as minhas pernas, tornando lentos os meus passos, aumentando a distancia entre nossas casas. Corri como nunca tinha corrido e mergulhei na cama, nada como um dia depois do outro ou como o tempo para curar as feridas!

Mas maisena tem seu dia de mingau, eis que de repente como um raio ilumina-se novamente ele:
O SEGREDO DA CAPOEIRA!

Momentos de euforia seguidos de reflexão, não poderia bancar o garotinho besta que ganhou um brinquedo lindo novamente, a situação exigia AUTO-CONTROLE, tratei de relembrar varias vezes até ficar ciente de que não esqueceria e me dirigi a casa de ARAÚNA não mais como um pateta com um anel de brilhantes, mas sim como um professor que iria ensinara um aluno que sabe tudo, que ele não sabe nada!

Bati, a porta se abriu e nossos olhares se cruzaram.

O que te traz aqui Leiteiro?

Tu não vais acreditar mas eu vim fazer hora pois não tenho nada para fazer, disse-lhe com voz cansada. Estava confirmado, não havia mais duvidas:

O SEGREDO DA CAPOEIRA NÃO ERA PARA SER DITO E SIM MOSTRADO NAS RODAS DE CAPOEIRA, ao som de seus instrumentos e cantorias e é ISSO QUE O VELHO MESTRE PASTINHA FAZIA nos seus jogos e cantorias! O QUE EU FAÇO BRINCANDO VOÇE NÃO FAZ NEM ZANGADO e seus alunos NÃO PERCEBIAM OU ENTENDIAM!

Não pude disfarçar as lágrimas ao dizer: ARAÚNA HOJE É O DIA MAIS TRISTE DA MINHA VIDA!

Agora eu sabia eu tinha certeza: O SEGREDO DA CAPOEIRA MORRIA COMIGO! Acredite s quizer meu caro leitor, eu descobri o segredo da Capoeira mas se voçe for igual a São Tomé eu lhe dou o fio da meada:
CAPOEIRA É O QUE NÃO PARECE e PARECE O QUE NÃO É!

Por falar em fio, Capoeira seria uma pequena rede cujos NÓS são seus segredos. Quando um NÓ arrebenta (leia-se é esquecido ou desprezado) NÓS (epa!) OS NOVOS MESTRES nos afobamos em reconstrui-lo ficando a REDE DEFORMADA por aquele HORRIVEL NÓ!

Deixasse-mos nós a reconstrução para os VELHOS MESTRES CONHECEDORES DA ARTE, a emenda seria invisível, preservando com seus conhecimentos a obra do autor! Contudo com nosso EGOÍSMO, PRESSA E IMPERFEIÇÃO, continuamos a encher de NÓS essa rede, A CAPOEIRA que em pouco tempo tornar-se-a imprestável e teremos que joga-la fora. Neste dia toda a NAÇÃO, o MUNDO e até DEUS CHORARÃO, pois quando ELE fez a separação entre a terra e mar nesse momento SURGIU A CAPOÊRA!

HOMENAGEM AOS VELHOS MESTRES QUE NOS DERAM DE GRAÇA AQUILO QUE NÓS VENDEMOS A QUALQUER PREÇO!

AGRADECIMENTO: Ao meu PROFESSOR LUA RASTA o meu MUITO OBRIGADO por me ensinar a GOSTAR E AMAR A CAPOEIRA e a mostra-la nas ruas, praças, escolas e teatros sem essa atual preocupação de FAZER DA CAPOEIRA APENAS UM CURSO PARA FORMAR MESTRES!

Editado no informativo MUZENZA-fevereiro- 1996

Texto de RENATO PALMAS AZEVEDO o LEITEIRO!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Dona Isabel que história é essa?

"Dona Isabel que história é essa?
O Isabel que história é essa?
De ter feito a abolição.
De ser princesa boazinha,
que acabou com a escravidão.
Estou cansado de conversa!
Estou cansado de ilusão!
Abolição se fez com sangue
que inundava esse país,
que o negro transformou em luta
cansado de ser infeliz.
Abolição se fez bem antes
ainda fosse fazer agora
com a verdade das favela
não com a mentira da escola.
O Isabel chegou a hora
de se acabar com essa maldade
e de ensinar pros nossos filhos
o quanto custa a liberdade.
Viva Zumbi nosso guerreiro!
se fez herói lá em Palmares!
Viva a cultura desse povo!
A liberdade verdadeira,
que já corria nos Quilombos
que já jogava Capoeira!
Camaradinha!"

Mestre João Pequeno de Pastinha

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Mestre João Grande: Eu sou aventureiro, sou andarilho, gosto de andar pelo mundo!

"Eu sou a fruta madura
que cai do pé lentamente
Na queda larga a semente
Procura uma terra fresca
para ser fruta novamente"
(bule-bule)

Mestre João Grande, nome de batismo João Oliveira dos Santos, nasceu na cidade baiana de Itají no ano de 1933. Desde muito pequeno trabalhou na roça ajudando seu pai. Ia para o meio da mata para observar os bichos e com dez anos começou a se maravilhar com os movimentos dos animais. Como os pássaros voavam e não batiam uns nos outros. Como os peixes nadavam sem bater um no outro e impressionou-se muito com a harmonia dos movimentos dos animais.
Muito novo saiu da roça e foi trabalhar na cidade. Lá viu dois negros que aplicavam um corta-capim um no outro. Curioso perguntou a um mais velho o que era aquilo. A resposta foi a seguinte"Aquilo ali é dança de Nego Nagô. Dança Nagô é esse pessoal que vem da África , esse pessoal africano e se chama Nagô".
Nas suas palavras Capoeira é "Uma dança, uma arte, uma profissão, uma cultura. Agora, naquela dança ali, se ele tiver coagido ele tem que reagir com luta. É uma dança, mas na hora que está precisando é uma luta[...]Capoeira é africana desenvolvida no Brasil. Os africanos trouxeram ela para cá mas não trouxeram como capoeira, trouxeram como dança que se desenvolveu no Brasil, no mato ralo, o mato ralo chama capoeira.
Capoeira é irmão do Camdomblé. Muitos Mestres não querem acreditar. Tudo o que veio da África é irmão do outro. [...]O Camdomblé, o samba, a capoeira, são irmão.[...]Capoeira é mandinga, antigamente chamavam de mandinga, falavam assim 'Cadê a mandinga, onde é a brincadeira, vamos praticar aonde, vamos vadiar aonde?'."
Para criar sua própria expressão dentro da capoeira, Mestre João Grande se inspira totalmente na natureza. No movimento dos bichos. Não copia nada de ninguém. De nenhum outro capoeirista. Respeitando seu próprio ritmo, admirando a natureza qualquer capoeirista pode criar sua própria expressão de jogo.
Aos vinte anos, depois da morte de sua mãe, foi para a Bahia. Após um ano em Salvador encontrou uma roda onde se jogava a dança de nagô.
O que que é isso? Isso aqui é Capoeira. Onde aprende isso? Com Mestre Pastinha!Se aprende Capoeira é com Mestre Pastinha!
Quando conheceu Mestre Pastinha ele disse a Pastinha que fazia futebol e luta livre. O Mestre lhe respondeu: "Larga tudo isso que isso não presta. Segue a capoeira que você vai crescer na Capoeira, porque a Capoeira é a mãe de todas as lutas e todas as danças."
Aprendeu Capoeira com todos os seus antigos: Cobrinha Verde, Daniel Noronha, Espinho remoso, Livino, Valdemar, João Pequeno, Onça Preta e Bom Cabrito.
Cresceu dentro da capoeira ouvindo as histórias dos grandes jogadores. A história que mais o impressionou foi a do Besouro Mangangá vencido apenas por uma faca de Tucum e isso por que uma moça já lhe havia aberto o corpo cortando sua proteção pessoal.
Em 1958 passou três meses viajando da Chapada Diamantina à Brasília. Trabalhou na construção civil batendo estaca. Com a futura capital em construção não tinha onde treinar. "Treinava sozinho no meio do mato. treinava sozinho com as moitas e com os bichos. Fazia todos os movimentos sozinho. Não tinha ninguém para treinar[...]Todo dia acordava cedo e treinava sozinho no mato. Treinava no mato. Treinava com os pés de mato. Rabo-de-arraia, sapinho, rolê."
Sempre praticou a capoeira trabalhando duramente para se sustentar. Para Mestre João Grande "A Capoeira Angola vem do trabalhador, vem de baixo. Trapicheiro, ajudante de caminhão, carregador, doqueiro, pedreiro, carroceiro, pescador, vem de baixo. Quando parava o trabalho já tinha um berimbau lá. O couro comia nas docas." Por causa de sua origem tanto a capoeira quanto os seus/suas praticantes sempre foram vistos como marginais: "Ninguém gostava de capoeirista. Se você era capoeirista e a filha de um cidadão daquele olhasse para você e se você quisesse namorar com ela o pai dizia: ' Não aquele é capoeira, coisa de vagabundo, aquele é capadócio, malandro. Quem joga capoeira é malandro'".
Em 1966 começou a viajar pelo mundo. Primeiramente foi a África junto com Mestre Pastinha e seus outros discípulos apresentar a capoeira de Angola no Festival Mundial das Artes Negras.
Em 1970 começou a fazer shows. Em 1974 foi à Europa apresentando o maculelê, samba de roda, camdomblé, puxada de rede, samba. Em 1976 foi à França e outros países com o Grupo Folclórico "Viva Bahia", coordenado pela professora e folclorista Emília Biancardi .
Em 1970, Mestre Pastinha assim se manifestou sobre João Pequeno e seu companheiro João Grande: "Eles serão os grandes capoeiras do futuro e para isso trabalhei e lutei com eles e por eles. Serão mestres mesmo, não professores de improviso, como existem por aí e que só servem para destruir nossa tradição que é tão bela. A esses rapazes ensinei tudo o que sei, até mesmo o pulo do gato".
Alguns anos depois vai aos Estados Unidos da América e começa a dar aulas no Harlem. Montou sua academia CAPOEIRA ANGOLA CENTER OF MESTRE JOAO GRANDE em Nova York e continua dando aulas e treinos, além de viagens para apresentações e rodas de capoeira.
Foi condecorado, em 1990, com a Medalha do Mérito Desportivo, uma das mais altas condecorações na área do Esporte do Brasil. Mestre João Grande gravou, também em 1990, pelo Programa Nacional de Capoeira, o seu primeiro disco solo. Mestre João Grande recebeu, nos Estados Unidos, o título de doutor (Doctor of Humane Letters). Reconhecimento pelo excelente serviço que ele tem prestado à cultura popular do mundo através. Foi a primeira vez que um título desses foi outorgado a um metre de capoeira.

"Os jovens capoeiristas tem que seguir a capoeira como uma dança, não como uma luta, e se unir uns aos outros, para crescer a capoeira no Brasil, seja capoeira Regional ou Angola. Crescer por que se você sair da linha , não fizer aquilo que com seu coração limpo, a capoeira nunca cresce. Briga nunca cresce na capoeira. Nada com Briga cresce"

para baixar o cd de Mestre João Grande clique aqui


Para ler a entrevista de Mestre João Grande clique aqui
para baixar a entrevista clique aqui
fontes:

http://www.muzenza.com.br/port/historia_gmestres.php

http://www.myspace.com/mestrejoaogrande_nyc

http://www.joaogrande.org/index.htm

http://www.jornalexpress.com.br/noticias/primeira.php?id_jornal=13170


quarta-feira, 22 de abril de 2009

João Pequeno de Pastinha

Quando eu aqui cheguei
quando eu aqui cheguei
a tod@s eu vim louvar
vim louvar a deus primeiro e os morador desse lugar
agora eu to cantano
agora eu to cantano
cantano dano louvar
to louvano a jesus cristo por que nos abencoo
to louvano e to rogano
to louvano e to rogano
ao pai que nos criou
abencoe esta cidade com todos os seus moradores
na roda de capoeira abencoe os jogadores
camaradinha!


Em 27 de dezembro 1917 nasceu em Araci no interior da Bahia João Pereira do Santos, filho de Maria Clemença de Jesus, ceramista e descendente de índio e de Maximiliano Pereira dos Santos cuja profissão era vaqueiro na Fazenda Vargem do Canto na Região de Queimadas. Aos quinze anos (em 1933) fugiu da seca a pé, indo até Alagoinhas seguindo depois para Mata de São João onde permaneceu dez anos e trabalhou na plantação de cana de açúcar como chamador de boi, então conheceu Juvêncio na Fazenda São Pedro, que era ferreiro e capoeirista, foi aí que conheceu a capoeira.
Aos 25 anos, mudou-se para Salvador, onde trabalhou como condutor (cobrador) de bondes e na construção civil como servente de pedreiro, pedreiro, chegando a ser mestre de obras. Foi na construção civil que conheceu Cândido que lhe apresentou o mestre Barbosa que era um carregador do largo dois de julho, Barbosa dava os treinos, juntava um grupo de amigos e nos finais de semana ia nas rodas de Cobrinha Verde no Chame-chame.
Inscreveu-se no Centro Esportivo de Capoeira Angola, que era uma congregação de capoeiristas coordenada pelo Mestre Pastinha.
Desde então, João Pereira passou a acompanhar o mestre Pastinha que logo ofereceu-lhe o cargo de treinel, isso foi por media de 1945, algum tempo depois João Pereira tornou-se então João Pequeno, assim apelidado pelo mestre Pastinha.
No final da década de sessenta quando Pastinha não podia mais ensinar passou a capoeira para João pequeno dizendo: “João, você toma conta disto, porque eu vou morrer, mas morro somente o corpo, e em espírito eu vivo, enquanto houver Capoeira o meu nome não desaparecerá”.
Na academia do Mestre Pastinha, João Pequeno ensinou capoeira a todos os outros grandes capoeiristas que dali se originaram e mais tarde tornaram-se grandes Mestres, entre eles João Grande, que tornou-se seu Grande parceiro de jogo, Morais e Curió. Foi aconselhado pelo Mestre Pastinha a trabalhar menos e dedicar-se mais a capoeira. Embora pensasse que não passaria dos 50 anos percebeu que viveria bem mais ao completar tal idade.
Tendo que enfrentar a dureza da cidade grande João Pequeno também foi feirante, e carvoeiro chegou a ser conhecido como João do carvão, residiu no Garcia, e num barraco próximo ao Dique do Tororó.
Sua primeira esposa faleceu, mas, um tempo depois conheceu Srª Edalzuita, popularmente conhecida como Dona Mãezinha, no Pelourinho nos tempos de ouro da academia de seu Pastinha, constituíram família, e com muito esforço construíram uma casa em fazenda Coutos, Lá no subúrbio, bem longe do Centro onde foram morar e receber visitas de capoeiristas de várias partes do mundo.
Para João Pequeno o capoeirista deve ser uma pessoa educada “uma boa árvore para dar bons frutos”. Para quem a capoeira é muito boa não só para o corpo que se mantém flexível e jovem, mas também para desenvolver a mente e até mesmo servir como terapia, além de ser usada de várias formas, trabalhada como a terra, pode-se até tirar o alimento dela.

João Pequeno vê a capoeira como um processo de desenvolvimento do indivíduo, uma luta criada pelo fraco para enfrentar o forte, mas também uma dança, cuja qual ninguém deve machucar o par com quem dança, defende a idéia que o bom capoeirista sabe parar o pé para não machucar o adversário.

Algum tempo após a morte do mestre Pastinha, em 1981, o mestre João Pequeno reabre o Centro Esportivo de Capoeira Angola no Forte Santo Antônio Alem do Carmo(1982), onde constitui a nova base de resistência, onde a capoeira angola despontaria para o mundo, embora encontrando várias dificuldades para manutenção de sua academia, conseguiu formar alguns mestres e um vasto numero de discípulos.
Na década de noventa houve várias tentativas por parte do governo do estado em desocupar o Forte Santo Antônio para fins de reforma e modificação do uso do Forte, paradoxalmente em um período também em que foi amplamente homenageado recebendo o titulo de cidadão da cidade de Salvador, pela câmara municipal de vereadores. Em 2003 o Mestre João Pequeno foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Uberlândia e com a Comenda da Ordem do Mérito Cultural tornando-se Comendador de Cultura da República pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2007 recebeu pela câmara municipal de vereadores a Medalha Zumbi dos Palmares. Finalmente em 2008 está reverenciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia(UFBA). “É uma doce pessoa”, afirmam todos que tem a oportunidade de conhecer o Mestre João Pequeno, cuja simplicidade, a espontaneidade e o carisma seduzem a todos que vão até o Forte Santo Antônio conferir suas rodas, é um brincalhão, mas que também não deixa de dar uma baquetada nos que se exaltam e esquecem dos fundamentos da brincadeira e da dança.
A festa anual comemorativa de seu aniversário é um verdadeiro evento espontâneo da capoeira, onde se realiza uma grande roda, com a participação de vários mestres e membros da comunidade capoerana.
Além de ser de impressionar a todos que tem a oportunidade de vê-lo jogar com a sua excelentíssima capoeira e mandigagem, João Pequeno destaca-se como educador na capoeira, uma autoridade maior na capoeiragem de seu tempo, um referencial de luta e de vida em defesa da nobre arte afrodescendente.
O mestre João Pequeno, orgulha-se dos méritos alcançados com a capoeira, isto fica claro em uma de suas falas, que sempre repete oportunamente, “...meu pai me chamava de doutor, mas não mim botou na escola, mas através da capoeira sou doutor.”
Bibliografia: Santos, João Pereira dos. Mestre João Pequeno, Uma vida de Capoeira.

para baixar o cd do Mestre joão pequeno de pastinha clique aqui
fonte: site do mestre joão pequeno de pastinha. acesse aqui

Mestre Bimba:Criador da Regional!Tocador de Berimbau!


Mestre Bimba, Manoel dos Reis Machado, filho de Luís Cândido Machado e Maria Martinha do Bonfim, nasceu no bairro de Engenho Velho, freguesia de brotas, Salvador - Bahia em 23 de novembro de 1900. Recebeu esse apelido devido a uma aposta que sua mãe fizera com a parteira que o "aparou". Ao contrário do que dona Martinha achava, a parteira disse que se nascesse menino, receberia o apelido de "Bimba" por se tratar, na Bahia, de um nome popular do órgão sexual masculino.
Começou a praticar Capoeira aos 12 anos de idade na estrada das boiadas, hoje o bairro negro da liberdade, com o africano Bentinho, capitão da navegação baiana. Foi estivador durante 14 anos e começou a ensinar capoeira aos 18 anos de idade no bairro onde nasceu no "Clube União em Apuros". Até 1918 não existiam esquinas, nas portas dos armazéns e até no meio do mato.
Considerando ineficaz e muito folclorizada a capoeira da época, devido aos fatos de os movimentos serem extremamente disfarçados, mestre Bimba resolver desenvolver um estilo de capoeira mais eficiente, inspirando-se no antigo "Batuque" (luta na qual seu pai era um grande lutador- considerado até um campeão) e acrescentando a sua própria criatividade, introduziu movimentos que ele julgava necessário para que a capoeira fosse mais eficaz.
Então em 1928, mestre Bimba criou o que ele denominou "Capoeira Regional Baiana" por ser está praticada única exclusivamente em Salvador.
A partir da década de 30, com a implantação do estado novo, o Brasil atravessou uma fase de grandes transforma
ções políticas e culturais, onde as idéias nacionalistas e de modernização ficaram em evidência. Nesse contexto, surge a oportunidade de Mestre Bimba fazer com que seu novo estilo de capoeira alcançasse as classes sociais mais privilegiadas.
Em 1936 fez a primeira apresentação do seu trabalho e no ano seguinte, convidado pelo governador da Bahia, o General Juracy Magalhães, para fazer uma apresentação no Palácio do Governador onde estavam prese
ntes autoridades e convidados.
Dessa forma a capoeira foi reconhecida como ESPORTE NACIONAL e Mestre Bimba foi reconhecido pela Secretaria Ed. Ass. Pública do Estado da Bahia como professor de educação física e sua academia foi a primeira no Brasil reconhecida por lei.

Para baixar o LP de Mestre Bimba e só clicar aqui e aqui

terça-feira, 21 de abril de 2009

Mestre Pastinha: É manha, é mandinga, é malícia. É tudo o que a boca come!

"O segredo da capoeira morre comigo..."


Vicente Joaquim Ferreira Pastinha (Salvador, 5 de Abril de 1889 — Salvador, 13 de novembro de 1981), foi um dos principais mestres de Capoeira da história.
Mais conhecido por Mestre Pastinha, nascido em 1889 dizia não ter aprendido a Capoeira em escola, mas "com a sorte". Afinal, foi o destino o responsável pela iniciação do pequeno Pastinha no jogo, ainda garoto. Em depoimento prestado no ano de 1967, no 'Museu da Imagem e do Som', Mestre Pastinha relatou a história da sua vida: "Quando eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de vergonha e de tristeza." A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado que marcaria todos os anos da sua longa existência.
"Um dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu chorava de raiva depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho me disse e eu fui". Começou então a formação do mestre que dedicaria sua vida à transferência do legado da Cultura Africana a muitas gerações. Segundo ele, a partir deste momento, o aprendizado se dava a cada dia, até que aprendeu tudo. Além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, o africano seu professor. "Ele costumava dizer: não provoque, menino, vai botando devagarinho ele sabedor do que você sabe (...). Na última vez que o menino me atacou fiz ele sabedor com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu rival, o menino ficou até meu amigo de admiração e respeito."
Foi na atividade do ensino da Capoeira que Pastinha se distinguiu. Ao longo dos anos, a competência maior foi demonstrada no seu talento como pensador sobre o jogo da Capoeria e na capacidade de comunicar-se. Os conceitos do mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de ensino, a prática do jogo enquanto expressão artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade. Foi o maior propagador da Capoeira Angola, modalidade "tradicional" do esporte no Brasil.
Em 1941, fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, na Bahia. Hoje, o local que era a sede de sua academia é um restaurante do Senai.
Em 1966, integrou a comitiva brasileira ao primeiro Festival Mundial de Arte Negra no Senegal, e foi um dos destaques do evento. Contra a violência, o Mestre Pastinha transformou a capoeira em arte. Em 1965, publicou o livro Capoeira Angola, em que defendia a natureza desportista e não-violenta do jogo.Entre seus alunos estão Mestres como João Grande, João Pequeno, Curió, Bola Sete (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre muitos outros que ainda estão em plena atividade. Sua escola ganhou notoriedade com o tempo, frequentada por personalidades como Jorge Amado, Mário Cravo e Carybé, cantada por Caetano Veloso no disco Transa (1972). Apesar da fama, o "velho Mestre" terminou seus dias esquecido. Expulso do Pelourinho em 1973 pela prefeitura, sofreu dois derrames seguidos, que o deixaram cego e indefeso. Morreu aos 93 anos.
Vicente Ferreira Pastinha morreu no ano de 1981. Durante décadas dedicou-se ao ensino da Capoeira. Mesmo completamente cego, não deixava seus discípulos. E continua vivo nos capoeiras, nas rodas, nas cantigas, no jogo. "Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E embaixo, o pensamento:
"Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista."

Para baixar o cd Pastinha eternamente clique aqui


Deus salve a capoeira!!!

domingo, 19 de abril de 2009

A bênção Mestres!

Então galera da capoeira e da mandinga, esta é minha primeira postagem. Este blog foi criado com o objetivo de difundir as informações da capoeira entre praticantes e não praticantes desta arte brasileira. Colocarei pra jogo informações sobre a história da capoeira, seu surgimento, desenvolvimento e, sua expansão por todo o mundo. Postarei aqui alguma informações atuais sobre a capoeira como por exemplo o seu reconhecimento como patrimônio cultural brasileiro pelo IPHAN.
Peço a bênção aos grandes mestres da tradição da capoeira e humildemente presto minhas homenagens a tod@s el@s. Que tod@s el@s, no céu ou na terra, possam continuar olhando pela capoeira. Tanto @s mestres da capoeira angola quanto da capoeira regional. Na filosofia do grupo sol nascente, não há diferença entre angoleiros e regionais. Todos são capoeiras. Todos são iguais. Como diz o Mestrando Mancha: "Pastinha é angola: Bom para a mente. Bimba é regional: Bom para o corpo. Capoeira é corpo e mente em Harmonia". Dentro da roda de capoeira do sol nascente os dois Mestres representantes destas linhagens, Pastinha e Bimba, merecem o mesmo respeito e a mesma consideração.
Colocarei aqui informações sobre as atividades desenvolvidas pelo Mestrando Mancha e pelos seus alun@s nas ruas e praças da Ceilândia, na Universidade de Brasília e em todos os locais onde tenha um berimbau do sol nascente tocando e chamando para o jogo da capoeira.
Serão disponibilizados também discos, músicas, ladainhas, livros, revistas e vídeos, enfim, tudo o que possa ter alguma ligação com a arte da capoeira e possa trazer alguma positividade na formação de quem se interessa por esta arte.
Nosso Mestre, quem nos ensinou e continua ensinando os fundamentos da capoeira, a mandinga e a malandragem da roda capoeira e nos guia nas voltas que o mundo dá é o Mestre Romeu. Mestre baiano de muita energia positiva. Fundador do grupo e quem o leva a trilhar seus caminhos há 25 anos. Primeiramente dentro da Ceilândia. Agora por praticamente todo o Brasil tendo como sede o Sítio Grande, Bahia.












É isso! Muito axé e energia positiva a tod@s!!!

E que Deus salve a capoeira!!!