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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Adão Dãxalebaradã: Princípio, meio e fim

"Esta enganando a quem rapaz?
Se tu fabrica as armas e depois me pede a paz!"




Seu nome artístico "Dãxalebaradã" significa na língua yorubá "princípio, meio e fim".

Por causa das constantes agressões do pai, fugiu de casa aos nove anos, indo parar em um reformatório na cidade de Passa Quatro, em Minas Gerais. Foi menino de rua e interno da Febem (Fundação Estadual do Bem Estar do Menor). Logo depois, foi expulso do exército. Ex-guerrilheiro na década de 1970.

Envolvido com o tráfico do morro do Cantagalo, no Rio de Janeiro, foi atingido por 14 tiros nos vários embates com a polícia e traficantes, o que o tornou paralítico. Cumpriu várias penas de reclusão.

Guia espiritual ligado às raízes afro-brasileiras, compôs cerca de 500 músicas sobre o tema.

Residia no Morro do Cantagalo, em Ipanema. Faleceu no Hospital Miguel Couto, vítima de uma Hepatite C com infecção generalizada, sendo enterrado no cemitério São João Batista.

Deixou dois filhos: Ortinho e Luanda.




Adão Dãxalebaradã particpou do documentário "Notícias de uma guerra particular" que retrata o cotidiano dos moradores e traficantes do morro da Dona Marta, no Rio de Janeiro.

Resultado de dois anos de entrevistas (entre 1997 e 1998) com personagens que estão de alguma forma envolvidos ou vêem de perto a rotina do tráfico, o documentário contrapõe a todo o momento as falas de traficantes, dos policiais e dos moradores.

Notícias de uma Guerra Particular traz cenas desconcertantes, como o garoto de dez anos que diz ter prazer em estar perto da morte, o policial que se orgulha em matar, e as crianças que sabem de cor os nomes das armas e suas siglas.



Do tráfico para a música

Depois de levar o 12º tiro, que o deixou semiparaplégico, o Adão Dãxalebaradã realizou um trabalho com o Walter Salles e gravou seu primeiro CD "Escolástica".
Há sete anos, o cineasta Walter Salles subiu o morro do Cantagalo, no Rio, à procura de novas expressões artísticas. De lá, saiu com um documentário e uma descoberta: Adão Dãxalebaradã. Waltinho foi levado à casa desse músico desconhecido por Luanda, caçula dos três filhos de Adão e bailarina do projeto Dançando para Não Dançar. O diretor de Central do Brasil ficou impressionado com o compositor, de mais de 500 canções, e o apresentou à sua parceira Daniela Thomas e ao irmão dela, o produtor musical Antônio Pinto. “Fiquei obcecado em registrá-lo. Adão tem um discurso de contestação, de paz, mas com olhar particular”, diz Antônio. Hipnotizados pela mistura de sons – reggae, samba, afro-beat, rap – e pelas letras vigorosas, os três decidiram revelar Adão. O resultado é o disco Escolástica, o documentário Somos Todos Filhos da Terra e o videoclipe Armas e Paz.

Cantando, o carioca de 56 anos traz as lembranças de quando traficava drogas e assaltava bancos. Sobrevivente de emboscadas da polícia e de bandidos, levou 12 tiros. Quatro foram de metralhadora, quando já traficava e foi perseguido por 30 homens da polícia especial. Segundo
Adão, o motivo não foi o tráfico. Ele havia sido excluído do Exército, conforme crê, por preconceito racial. Passou a pregar peças no coronel responsável pela sua exclusão.
Em plena ditadura militar, conta ter sido até torturado. Um dos tiros de metralhadora ficou a um dedo do coração, e Adão passou meses no hospital.

A última bala ele levou quando tentava se afastar do trá-
fico, como mecânico, em 1973. Em tese, foi assalto. Quis reagir e, sem ver que havia outro bandido atrás, foi alvejado. O tiro o deixou numa cadeira de rodas. “Sou semiparaplégico, consigo andar segurando nas coisas, tomar banho sozinho, fazer sexo”, conta ele, que é solteiro e hoje mora em Copacabana. Magro e convalescen-do de tuberculose, ele recorda: “Era da porra-da, brigava com dez homens, andava arma-do, mas nunca tive coragem de atirar. O tiro foi um
mal que veio para bem”. Dãxãlebaradã, qualidade de Xangô que significa “Princípio, Meio e Fim”, foi o nome espiritual
que adotou desde então.

Adão começou a fazer música aos cinco anos: “Meus pais eram crentes. Fazia hino de igreja”. Sua brincadeira era imitar o pastor. Aos oito anos, fugiu de casa e foi morar na rua. “Não tinha liberdade, era criado na base da pancada. Não podia jogar bola de gude nem soltar pipa porque eram coisas do diabo”, lembra ele, o mais velho de nove irmãos. “Só podia brincar no porão. Não podia me misturar com filhos de pessoas que não eram da igreja.”

Na rua, sobrevivia com o que lhe davam. Foi encaminhado a uma instituição para menores, onde ficou dos 9 aos 17 anos. Após um breve tempo no Exército, caiu no crime e na dependência química. “Usei todas as drogas. Só não era muito da cachaça”, diz. Não havia facções criminosas, e ele comprava, embalava e vendia maconha. Limpo, Adão pretende voltar ao morro, quando for “bem-sucedido”, para desenvolver programas sociais e fundar o templo de uma religião criada por ele, chamada Senhor Senhora do Infinito, que prega a igualdade entre homens e mulheres.




para baixar o cd clique aqui

TODOS OS MEUS AGRADECIMENTOS À KRIS QUE ME APRESENTOU ESTE SÁBIO VISIONÁRIO.
SALVE, KRIS! FICA NA PAZ!

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